quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A força do Pilates

O método começa a ser indicado por médicos e ganha espaço dentro dos hospitais para auxiliar na recuperação de males como dor, câncer e doenças neurológicas.

No mundo do fitness, a explosão de novas modalidades é uma constante. Mas, normalmente, com a mesma velocidade com que surgem, elas desaparecem após poucos meses. Quando resistem, tornam-se aqueles fenômenos que mudam a história da malhação e a maneira como enxergamos a atividade física. Foi assim com o surgimento da aeróbica, com a expansão da musculação e assim está sendo com o Pilates. Criado pelo alemão Joseph Pilates durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o método rapidamente caiu no gosto dos bailarinos, que o usavam como complemento ao treino. Mas foi só a partir da década de 90 que se popularizou, atraindo milhares de adeptos em todo o mundo e tornando-se a maior revolução do fitness dos últimos anos. Só nos Estados Unidos, primeiro país a receber um estúdio com aulas da modalidade (ministradas pelo próprio Pilates em Nova York), estima-se que cerca de dez milhões de pessoas o pratiquem. No Brasil, não há dados precisos, mas o crescimento pode ser observado pela grande quantidade de estúdios e de pessoas que se confessam fãs do Pilates. “A rápida percepção dos resultados incentiva cada vez mais gente a aderir à técnica”, analisa a fisioterapeuta Solaine Perini, presidente da Associação Brasileira de Pilates. “Isso faz dele o método de condicionamento físico que mais ganha adeptos no mundo.”

As razões para se buscar o Pilates são as mais variadas. Há desde os desejosos de esculpir o corpo (inspirados por celebridades como a cantora Madonna, que credita parte de sua boa forma à técnica) até os interessados em exercícios capazes de ajudar na prevenção ou na recuperação de problemas como dores e lesões. Como anseios tão diferentes cabem dentro de um mesmo método? “Pilates se preocupou em criar uma técnica que trabalha a saúde como um todo”, considera Inelia Garcia, uma das primeiras instrutoras do método no Brasil e hoje dona de um império com mais de 47 estúdios e dez mil alunos espalhados por todo o País. “O corpo torna-se mais forte, flexível e resistente”, diz. “Na parte mental, os exercícios melhoram a concentração e a memória. E o trabalho com a respiração ajuda no controle das emoções”, completa. A abrangência das lições deixadas por Pilates chama mesmo a atenção. Vem de uma preocupação constante que guiou o seu trabalho: imprimir ciência à técnica. Toda a metodologia de Pilates parte do conceito de “centro de força” (ou power house). O termo, por ele criado, define a região central do corpo humano. “São os músculos da coluna, do quadril, das coxas e do entorno do abdome”, diz Aline Haas, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e instrutora certificada pela Pilates Method Alliance, dos Estados Unidos. “Eles são os flexores e extensores da coluna e do quadril e estão na musculatura profunda da pelve.” De acordo com os princípios preconizados por Pilates, fortalecer essa região é a melhor maneira de garantir uma boa sustentação para o corpo humano. Ao compreender o trabalho muscular realizado durante os movimentos, Pilates criou exercícios e aparelhos capazes de estimular os músculos, inclusive os mais profundos e em geral pouco acionados no cotidiano. Os resultados são tão impressionantes que têm ocupado o tempo dos cientistas. Parte deles está especialmente interessada em levantar mais do que transformações corporais que o método pode proporcionar. Querem conhecer as suas possíveis indicações terapêuticas. 

E o que se descobriu até agora é alentador. Um exemplo: trabalhos demonstram que a técnica pode ser eficaz para a redução das dores, com efeitos animadores em casos de dor lombar e de fibromialgia (dor crônica sem origem aparente, mais comum em mulheres, e sentida em vários pontos do corpo). Um dos estudos pioneiros foi feito no Departamento de Medicina do Esporte e Reabilitação do Instituto Ortopédico Gaetano Pini, na Itália. Os pesquisadores recrutaram 43 pacientes com dor lombar. Parte deles fez Pilates, enquanto os demais foram submetidos ao tratamento da Escola da Coluna (método fisioterapêutico criado na década de 60). Ao fim de dez dias, quem praticou Pilates teve ganhos similares aos da fisioterapia tradicional, mas com uma vantagem: estava muito mais contente. Entre os que tiveram aula de Pilates, 61% declararam-se muito satisfeitos com a terapia, contra 4,5% entre os que foram submetidos à outra técnica.Corrobora com o trabalho italiano a revisão proposta pelo fisioterapeuta Edward Lim, do Hospital Geral de Cingapura – a primeira sobre o tema. Lim reuniu sete pesquisas de diversas partes do mundo. Todas sobre o efeito do Pilates em pacientes com dores na parte inferior da coluna. A conclusão: o método é realmente válido para tratar o problema. “Mas os exercícios precisam ser estruturados para atender aos variados quadros clínicos dos pacientes”, disse Lim à ISTOÉ.

Como o que ocorre com a dor lombar, o uso da técnica para casos de fibromialgia também vem ganhando respaldo científico. Em especial após a divulgação dos primeiros resultados de uma pesquisa realizada na Universidade de Uludag, na Turquia. A equipe acompanhou 50 voluntárias durante 12 semanas. Divididas em dois grupos, metade das mulheres frequentou aulas de Pilates e as demais foram orientadas a praticar exercícios de relaxamento e alongamento em casa. Enquanto o primeiro grupo relatou melhoras significativas na dor, o segundo teve alterações positivas bem pequenas.As comprovações têm encorajado médicos a indicar a técnica a seus pacientes. “É um recurso muito útil, em especial nos casos de dor nas costas sem causa específica”, afirma o traumatologista e ortopedista Alberto Mendes, de São Paulo. “Além do alongamento e do equilíbrio postural, o Pilates faz um trabalho de fortalecimento muscular muito positivo, pois ajuda na sustentação da coluna”, diz o médico. O reconhecimento da importância do método também pode ser medido por sua incorporação pela fisioterapia. “Temos uma resolução que ampara o fisioterapeuta no uso do Pilates como recurso terapêutico”, diz Wiron Correia Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Fisioterapia. 

A chave para entender esses benefícios está em um dos fundamentos preconizados pelo alemão Pilates: o equilíbrio. “Quando as cadeias musculares estão em equilíbrio, há redução da dor”, explica Osvandré Lech, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia, que também indica o método. Pessoas em busca de redução da dor já formam um grupo comum nos estúdios. “Em 80% dos casos, nossos alunos vêm com esse objetivo”, conta Juliana Takiishi, coordenadora de Pilates do Centro de Bem-Estar Levitas, em São Paulo. Parte deles chega às aulas por conta própria. A outra, por recomendação médica.O fluxo de pacientes dos consultórios para os estúdios tem inspirado outra tendência: a oferta de Pilates dentro dos próprios hospitais. Na Clínica Mayo, centro de referência médica mundial, localizada nos Estados Unidos, o interesse nos benefícios que a técnica pode oferecer a pessoas doentes é tão grande que a instituição está realizando uma pesquisa para delinear melhor os ganhos obtidos. “Há um grande número de pessoas que tiveram câncer aderindo ao método”, informa a médica Daniela Stan, da instituição americana. A pesquisadora está concluindo um estudo com 15 mulheres, previsto para ser publicado no início de 2012. Durante três meses, as voluntárias participaram de aulas na instituição sob os olhos atentos de Daniela. “Há melhoria dos movimentos no lado do corpo afetado pela doença, assim como maior flexibilidade”, disse à ISTOÉ. “Também notamos melhora no humor e na satisfação com o corpo.”

Outra instituição a oferecer aulas é o prestigiado M. D. Anderson Cancer Center, também nos Estados Unidos. Por lá, pacientes que têm ou tiveram tumor de mama podem usufruir de uma aula por semana, indicada para ajudar no controle dos sintomas, como dor e fadiga. Na Suny Upstate Medical University, em Siracusa (EUA), as indicações são mais amplas. “Usamos para ajudar na reabilitação de pessoas com problemas músculo-esqueléticos”, contou à ISTOÉ Karen Kemmis, fisiologista do exercício e responsável pelo serviço. “Se alguém, por exemplo, sofre com dor no ombro e minha avaliação mostra que essa pessoa não tem um bom controle do movimento nessa região, usamos o Pilates para melhorar os padrões de movimento, prevenindo a ocorrência de mais prejuízos na área”, explicou.
 No centro americano, o método é utilizado ainda para auxiliar na reabilitação de portadores de doenças neurológicas. “Entre eles estão indivíduos com doença de Parkinson e que sofreram acidente vascular cerebral”, contou Karen. Nesses casos, além de contribuir para a melhora de movimentos prejudicados, estimula a habilidade de concentração.
A tendência de implementar estúdios em hospitais já começa a ser vista também por aqui. Exemplos são os hospitais Brasil, Integrante da Rede D’Or, e Albert Einstein, ambos em São Paulo. “Usamos como continuidade do tratamento ortopédico em pacientes que tiveram alta”, explica a fisioterapeuta Simone Przewalla, do Albert Einstein.
A instituição atende em média 20 pessoas por mês. “É uma atividade segura, que preserva bastante as articulações”, acrescenta Simone. A equipe responsável pelas aulas é formada apenas por fisioterapeutas. E o cuidado é intenso. “O médico nos manda uma carta dizendo o que o paciente tem, o que ele não pode fazer e quais objetivos devem ser atingidos”, diz a fisioterapeuta Marta Cordeiro Pereira, do Hospital Brasil. No Rio de Janeiro, a técnica está na lista das atividades sugeridas pela Clínica Cardiomex, coordenada por médicos especializados em medicina do esporte e cardiologia. “Entre outros benefícios, o Pilates reduz o estresse”, diz a cardiologista Isa Bragança.
 Além disso, ele contribui para manter o peso. O trabalho muscular aumenta a massa magra no corpo que, por sua vez, potencializa o consumo calórico do organismo. Na prática, quer dizer que ganhar músculos (e para isso o Pilates é muito válido) aumenta a quantidade de calorias consumidas pelo corpo para manter-se, pois as células musculares gastam mais energia para funcionar do que as células de gordura. Mais uma das qualidades do Pilates.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Pilates ajuda a fortalecer o abdome, deixando a barriga durinha e melhorando a postura. Para começar faça o Hundred sobre o rolo.
Deitada(o) sobre o rolo com a barriga para cima, joelhos flexionados a 90° com os pés no chão. deixe a coluna totalmente apoiada no rolo, assim como o quadril e apoie os braços ao lado do corpo. Olhe para cima e inspire para se preparar. Expire elevando primeiro a cabeça com o queixo para baixo, logo em seguida o tronco alcançando os braços fora do chão estendidos à frente, com a palma das mãos voltadas para baixo.
Inspire pulsando os braços para baixo e para cima (fazendo movimentos curtos) expire mantendo a pulsação. A respiração não acontece junto com os braços, enquanto a respiração completa é feita por dez vezes, os braços ficam pulsando o máximo possível. Esse exercício ativa o abdome transverso e reto abdominal, além disso, melhora a estabilidade de ombros e escápulas.
Outro exercício é para o Abdominal Infra. Deite sobre o rolo com a barriga para cima. Deixe os pés para cima com os joelhos flexionados as 90°. As pernas devem estar paralelas separadas acompanhando a largura do quadril e os pés em ponta. Braços ficam estendidos ao lado do tronco e a pelve e a coluna apoiadas no rolo. Inspire para se preparar. Expire estenda as pernas para cima. Inspira abaixa as pernas até o ponto mais baixo que conseguir sem deixar a coluna lombar levantar do rolo. Expira e volta à posição inicial com os joelhos flexionados. Este exercício, além de fortalecer o abdome infra e o transverso, ainda melhora a estabilidade do quadril.
Para trabalhar abdome e costas ao mesmo tempo, fique em 4 apoios com os braços apoiados no chão na linha dos ombros e os pés apoiados no rolo na horizontal em ponta. Deixe a pelve e coluna em posição neutra (retinhas)  e faça força para unir as escápulas, imagine uma caneta nas suas costas e faça força como se quisesse apertar a caneta. Olhe para baixo. Inspire para preparar. Expire estendendo a perna, empurrando o rolo até ficar na posição da prancha. Inspire elevando o quadril na direção do teto trazendo o rolo deixando o corpo em V com o olhar para o umbigo. Os pés devem puxar o rolo em posição de ponta. Expira voltando a posição inicial do movimento.
Sente no tapete ou colchonete com os pés apoiados no chão, joelhos a quase 90º e o tronco inclinado para trás com o rolo apoiado na lombar. Deixe as mãos atrás dos joelhos. Inspire para se preparar. Expire elevando as pernas flexionadas a 90°, mantendo as mãos atrás dos joelhos. Inspire e estenda os braços e as pernas para cima mantendo a curva da coluna. Expire e retome a posição Inicial. Este exercício trabalha os abdominais transversos, reto e oblíquos e a estabilidade da coluna.
Fonte: UOL 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


 Pilates vem se tornando cada vez mais comum entre as pessoas e precisamos estar atentos aos benefícios que a atividade proporciona: Músculos mais tonificados e alongados, ganhos de força e estabilização do centro, previne lesões, alivia tensões e dores nas costas, melhora a postura, consciência corporal, coordenação motora, equilíbrio e condicionamento físico.

Sabendo que nosso corpo recebe alterações diversas, uma das preocupações sem dúvida torna-se a perda de massa muscular e principalmente entre as mulheres. O Pilates é uma atividade que exercita o corpo em equilíbrio. Os exercícios podem ser feitos tanto no solo (Mat Pilates), como também em equipamentos (estúdios).

No solo, utiliza-se o peso do próprio corpo a favor ou contra a ação da gravidade. As aulas são iniciadas com exercícios de baixa dificuldade e vamos progredindo de acordo com a aptidão física de nosso cliente com ou sem a utilização de alguns acessórios, seja para desafiar ou facilitar a execução.

Nas aulas com equipamentos, os mesmos, pela estrutura física conter molas, podem auxiliar ou desafiar o praticante. Entre os equipamentos mais utilizados estão o Reformer: com base de suporte móvel (carrinho) com molas, alças, barra, plataformas e caixas; o Cadilac: com base de suporte grande e fixa com estruturas como os postes verticais e horizontais, molas, barras, alças entre outros acessórios próprios do equipamento; a Cadeira: com base de suporte pequena com dois pedais (podendo ser utilizados unidos ou separados) com molas e cada uma com 3 tensões diferentes, ideal para trabalhar descarga de peso e movimentos recíprocos; e o Barril Ladder: que tem a base de suporte em forma uma curva com uma escada na lateral, geralmente indicado para movimentos de coluna, abdômen e alongamento.
Uma das frequentes interrogações é a respeito do ganho de massa muscular no Pilates. Algumas atividades têm treinamentos específicos de ganho muscular, o Pilates com certeza se torna um complemento desse trabalho realizado. O aluno conseguirá definir a musculatura, sem aumentar o seu volume, ou seja, o foco do Pilates NÃO é hipertrofia.

O resultado do Pilates não está relacionado ao número de repetições e sim pela qualidade do movimento. A consciência corporal adquirida, somada a um trabalho da estrutura musculoesquelética, permite a execução dos exercícios com eficiência e segurança.

Atividades físicas, que um dos objetivos é a hipertrofia, também trazem benefícios ao corpo e no acompanhamento de um profissional qualificado, o mesmo orientará seu cliente de qual modalidade será a ideal para alcançar seu objetivo.

Pratique com consciência!!!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

PILATES: MELHOR OPCAO DE ATIVIDADE FÍSICA NO VERÃO!


Qual é a melhor opção para praticar atividade física na estação mais quente do ano? 
É um fato que as pessoas se sentem mais dispostas em treinar na estação mais quente do ano, o Verão, mas para chegar à estação mais quente do ano em forma, devemos “pegar leve” e optar por modalidades indoor, por exemplo, como o Pilates.
Muitas vezes as pessoas não estão preparadas fisicamente para executar uma atividade que as levem a exaustão e isso pode agravar em atividades outdoor, principalmente porque os movimentos dos exercícios já geram calor e eleva a temperatura corporal. Esse processo é alterado ainda mais com os mesmos exercícios feitos sob o sol, podendo levar o praticante a desconfortos como a hipertemia e acarretando também: queda de pressão, dores de cabeça, desmaios, enjôos entre outros sintomas.
Além de poupar o sistema de refrigeração corporal, permitimos a ventilação interna, o que é mais difícil de ocorrer em outras atividades.
Existe a vantagem em praticar o Pilates porque se destaca principalmente pelos benefícios do método. Há uma preocupação também pela ação das musculaturas mais profundas do tronco (transverso do abdômen, assoalho pélvico, multifídios e paravertebrais), no qual, além de manter uma melhor estabilização de centro e proteger a coluna de futuras lesões, é possível ganhar uma melhor consciência corporal e em poucos meses ter um resultado de tonificação na parede abdominal.
Independente do ambiente no qual a atividade física é praticada, certos cuidados não podem ser deixados de lado, e lembre que mesmo em atividades como no Pilates, o uso de roupas leves e confortáveis, a hidratação ou até mesmo a recuperação (de 24 a 72 horas de “repouso” em esforço físico) não devem faltar em sua rotina de treino. Caso opte por “encarar” o sol, prefira horários matutinos, até 10h ou após as 16h, que são períodos onde os raios UVB estão menos intensos no dia.
A prática do Pilates é voltada para um treino equilibrado e proporciona um bem estar não só para pessoas que já praticam como também para clientes iniciantes, principalmente por não ter contra indicações, mas sim modificações para cada tipo de cliente. Em pouco tempo vemos resultados como: a melhora do equilíbrio e força muscular, alívio de tensões e dores, melhora da postura, coordenação motora, consciência corporal… O ritmo e a intensidade devem ser menores que o habitual em outras épocas do ano, o objetivo do Pilates é fortalecer com consciência e os exercícios em geral, visam sempre a qualidade do movimento.
Vale ressaltar que frequentando as aulas de duas vezes por semana ou até mesmo todos os dias com uma sessão de uma hora de duração, dentro de um mês já é possível sentir uma musculatura mais forte e equilibrada.
Procure um instrutor especializado pelo método e pratique inteligência! Desfrute ainda mais da última estação do ano com segurança e eficiência!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PILATES EM 12 PERGUNTAS (Revista Época 2011)

Tudo o que Madonna faz vira moda. Com o pilates, isso levou mais de dez anos para acontecer. Na década de 1990, quando Madonna começou a mostrar sua incrível flexibilidade nos palcos, o público perguntava qual era a técnica que garantia à cantora movimentos precisos e coluna impecavelmente reta, mesmo nas posições mais bizarras, como de cabeça para baixo e com as pernas abertas em 180 graus. “É uma mistura de ioga e pilates”, dizia ela.
Os benefícios prometidos pela ioga já eram conhecidos. A curiosidade girava em torno do método criado pelo alemão Joseph Pilates no começo do século passado. Baseado no movimento dos animais e de crianças durante suas brincadeiras, Pilates – ou Papa Joe, como ficou conhecido nos Estados Unidos – criou uma série de exercícios com o objetivo de melhorar a própria saúde. Pilates sofreu de raquitismo e asma na infância. Com isso, chegou à idade adulta com um corpo franzino. Aos 32 anos, depois de adotar o método em si mesmo, passou a exibir um corpo de fazer inveja aos atletas mais bem treinados e a disseminar a prática entre amigos e conhecidos. A técnica envolve o fortalecimento da musculatura do abdome, que ele chamava de power house (ou casa de força, na tradução do inglês). A definição dos músculos, principalmente do abdome, a melhora na postura e o aumento da flexibilidade são alguns dos benefícios propagados pelos praticantes.
Karina Arruda na posição side lying, no aparelho de pilates chamado de barril  (Foto: Rogerio Cassimiro/ÉPOCA)

Antes de começar as aulas de pilates, achava normal tomar remédios constantemente"
Karina Arruda 

Estima-se que existam mais de 8 milhões de alunos de pilates nos Estados Unidos, de acordo com os dados da Sporting Goods Manufacturers Association, entidade que reúne os maiores fabricantes de artigos esportivos. No Brasil, são 8 mil estúdios de pilates e, por ano, surgem mais de 200 novas casas. Os números são baseados nas vendas dos maiores fabricantes de aparelhos no país.
Sérgio Sacchi no solo na posição chamada teaser  (Foto: Rogerio Cassimiro/ÉPOCA)

Sempre fui grande e sempre gostei de me exercitar. Uma das minhas preocupações era não ficar muito musculoso  "
Sérgio Sacchi 
A atriz Regiane Alves, de 33 anos, é adepta dos exercícios há cinco anos. Ela conheceu o método durante uma aula de ioga, quando o professor chamou a atenção para sua postura excessivamente curvada. Animada com os resultados, não parou mais. “Melhorou tudo no meu corpo: a postura, meu alongamento e meus músculos, que ficaram mais definidos.”
Os alunos de pilates exibem uma série de benefícios objetivos da prática. Mas entre os argumentos dos entusiastas há alguns mitos. Há quem diga que o pilates evita crises de hérnia e faz crescer. O fortalecimento da musculatura do abdome pode diminuir o número de crises de hérnia, dependendo do local da lesão. Mas não há como garantir o fim de crises em qualquer pessoa, tampouco o fim de todas as crises. A reeducação postural pode ajudar alguém a recuperar centímetros que já tinha e estavam escondidos sob uma postura curva. Mas ele não adiciona tamanho à estrutura óssea. Entenda essas e outras questões sobre o pilates.


1- Qual a diferença entre pilates e ioga?
A ioga é uma prática originada na Índia há mais de 5 mil anos. O pilates é uma técnica ocidental de cerca de 100 anos. Conhecida como um estilo de vida que prega a harmonia entre corpo, mente e espírito, a ioga tem um apelo metafísico. “Os exercícios são uma forma de elevação espiritual”, afirma Shakti Leal, coordenadora do espaço Nirvana no Rio. No pilates, equilíbrio e concentração são questões objetivas. Os movimentos de cada exercício são tão complexos, que é quase impossível executá-los sem uma boa dose de concentração.
2- Pilates é feito no chão ou em aparelhos?Nos dois. Nos aparelhos, as aulas geralmente são individuais. O aluno tem total supervisão do professor. As molas permitem que cada aparelho se adapte ao corpo e à postura do aluno, sem forçar demais nem machucar. Por esses dois motivos, as aulas com equipamentos são mais indicadas a quem tem algum tipo de lesão.

No chão, é possível fazer aulas em grupos maiores, embora os estúdios normalmente evitem lotar suas sessões. Nas academias, esse número pode chegar a 30 praticantes. Apesar de envolver movimentos livres e sem o auxílio de aparelhos, as aulas no chão, afirmam profissionais da área, não são mais difíceis nem exigem mais esforço. Os exercícios de solo e com aparelhos produzem os mesmos resultados.
3- O pilates tem os mesmos efeitos da musculação? Não. Os exercícios do pilates fortalecem, mas não fazem os músculos crescer tanto quanto a musculação. O pilates trabalha mais com a repetição de movimentos e menos com o aumento das cargas. Além disso, as molas usadas nos aparelhos oferecem um tipo de exercício diferente dos executados na musculação. “As molas produzem resistência constante e movimentos precisos”, diz Isabel Sacco, professora de biomecânica da Universidade de São Paulo (USP). “Na musculação, a eficiência do movimento depende do ângulo correto de cada exercício.” Outra diferença é que os exercícios de pilates feitos no chão trabalham vários grupos musculares ao mesmo tempo, enquanto na musculação cada exercício estimula, normalmente, um músculo por vez.

“O pilates me deu um corpo mais definido e menos inchado”, afirma o empresário Sérgio Sacchi, de 44 anos. Depois de descobrir três hérnias de disco, consequência de anos de exercícios sem alongamento adequado, tinha parado com as atividades físicas. Sacchi conheceu o pilates há dez anos. “Foi a alternativa que encontrei para me exercitar, depois dos problemas na coluna.”
4- Pilates cura hérnia e outros problemas na coluna? Não existe cura para hérnia ou outras lesões, mas há meios de atenuá-las e reduzir as dores. Médicos e fisioterapeutas indicam pilates como uma boa opção para quem tem lesões na coluna por causa dos exercícios de baixo impacto, do fortalecimento dos músculos abdominais e da correção de problemas posturais. “Indico a prática a meus pacientes, assim como recomendo a reeducação postural (RPG) e a fisioterapia tradicional”, afirma Jamil Natour, professor de reumatologia da Unifesp.

A designer Karina Arruda, de 42 anos, recorreu ao pilates para cuidar da postura. Depois de sua primeira gravidez, há três anos, Karina começou a sentir dores e descobriu uma hérnia de disco. Por indicação médica, procurou as aulas de pilates e, depois de seis meses, parou com os analgésicos. “Não tomo mais nada”, diz. A dona do estúdio onde Karina treina, Luciana Araújo, diz que muitos alunos chegam por indicação médica.
5- Pilates evita lesões futuras?Não. Para os especialistas, não há como comprovar que o fortalecimento da musculatura do abdome proteja a coluna contra novas lesões. “É uma besteira”, afirma Daniel Feldman, reumatologista da Unifesp. “O fortalecimento desses músculos não evita lesões.”  
 
6- Pilates emagrece?

Não necessariamente. Apesar de alguns exercícios exigirem um grande esforço físico, o objetivo do método não é a perda de peso. Para quem quer emagrecer, atividades aeróbicas são a melhor opção. 

7- Pilates faz crescer?Não. O pilates não acrescenta centímetros mágicos à estrutura óssea de seus praticantes. Mas melhora a postura. Por causa da postura mais ereta, temos a impressão de que crescemos, porque andamos menos curvados.
8- Quais são as variações do pilates?É um assunto controverso entre os adeptos do método. Ao longo dos anos, os exercícios criados por Pilates foram incorporando novidades e se espalharam pelo mundo. Nas academias, o método ganhou adaptações, como swim pilates (na piscina), jumpilates (que alterna três minutos de pulos com um de pilates), iogilates (pilates e meditação). Os mais puristas afirmam que as variações da técnica criada por Papa Joe não são pilates. Assim, bolas e exercícios na água seriam uma deturpação da prática. “Estão usando o nome de um gênio da forma errada”, afirma Romana Kryzanowska, americana que se considera sucessora de Joseph Pilates. Mas Pilates nunca registrou seu método e Romana não foi sua única discípula.  

9- Pilates tem algum perigo? 
Assim como acontece com qualquer exercício, o pilates mal executado pode agravar as lesões de quem procura o método com fins terapêuticos ou mesmo causar novas lesões. “Cuidado com professores que defendam uma coluna completamente reta ou que peçam para o aluno ‘encaixar o quadril’, posição em que o quadril se move para a frente e a curvatura lombar tende a ficar mais reta”, afirma Isabel Sacco. Isabel explica que, ao tentar reverter a curvatura normal da coluna, diminuímos sua capacidade de resistir a cargas e a deixamos mais vulnerável a lesões.
10- Como saber se a academia de seu bairro é séria?A melhor maneira de se precaver na hora de escolher o estúdio ou a academia é verificar quem são os professores e quantas horas de aulas eles têm em sua formação. As principais instituições que emitem certificados no Brasil são reconhecidas pela Pilates Method Aliance, aliança internacional do método, e exigem um mínimo de 450 horas de aula. Esse número pode ser alterado para 360 horas de aula em cursos de especialização, como previsto pelo MEC. Os dois modelos são confiáveis. “Fuja de professores que tenham um workshop de fim de semana como único treinamento para dar aulas de pilates”, afirma Alice Becker, presidente da Aliança Brasileira de Pilates.
11- Pilates pode ser praticado por qualquer pessoa? Não. Crianças abaixo de 6 anos ainda não têm estrutura óssea, dos músculos e ligamentos completamente formados. Pessoas com osteoporose grave ou com lesões graves na coluna também não devem praticar.
12- Existe algum limite para o número de aulas? Assim como na musculação, especialistas recomendam que os músculos descansem por 48 horas. Como no pilates a musculatura do core é sempre exercitada, o ideal é alternar os dias. Isso dá uma média de três vezes por semana.

PILATES EM 12 PERGUNTAS